Entenda em 5 Minutos: Como Funcionam as Pesquisas Eleitorais (E Por Que Elas Às Vezes Erram)

O básico que você precisa saber Pesquisas eleitorais moldam debates, influenciam decisões de voto e dominam noticiários. Mas quando erram (e elas erram), muitos questionam sua validade. Este guia explica de forma simples como funcionam e por que até as melhores pesquisas podem falhar.

Ênio Gonçalves

4/22/20252 min read

Pesquisas eleitorais desmistificadas em 5 partes

1. Como se escolhe quem participará da pesquisa?

O segredo está na amostragem. Institutos não ouvem todos os eleitores – seria impossível. Em vez disso, selecionam uma pequena amostra (geralmente 1.000-2.000 pessoas) que deve representar o perfil completo do eleitorado.

Imagine selecionar apenas 10 balas de um pacote com centenas. Se o pacote estiver bem misturado, essas 10 balas darão boa ideia da proporção de sabores do pacote inteiro.

2. O que significa "margem de erro"?

É o seu alerta de precisão. Quando uma pesquisa aponta que um candidato tem 42% com margem de erro de 3 pontos, significa que o resultado real provavelmente está entre 39% e 45%.

Quanto menor a amostra, maior a margem de erro. É como provar apenas 3 balas do pacote – você terá uma ideia menos precisa da proporção total.

3. Existem diferentes tipos de pesquisas?

Sim, e isso importa muito:

Pesquisas presenciais: Entrevistadores vão a campo e falam diretamente com eleitores (mais caras, mais confiáveis)

Pesquisas telefônicas: Realizadas por telefone fixo ou celular (mais rápidas, alcance moderado)

Pesquisas online: Questionários pela internet (mais baratas, problemas de representatividade)

Tracking polls: Pesquisas diárias para acompanhar mudanças de tendências

4. Por que as pesquisas erram?

Cinco razões principais:

Amostra enviesada: O grupo entrevistado não representa bem o eleitorado real

Eleitores indecisos: Muitos decidem o voto nos últimos dias ou mudam de opinião

Efeito "voto envergonhado": Alguns eleitores não revelam sua verdadeira preferência

Metodologia inadequada: Questionários mal formulados podem direcionar respostas

Mudanças de última hora: Eventos importantes ocorridos após a pesquisa

5. Como interpretar pesquisas corretamente?

Três regras de ouro:

Verifique quem realizou a pesquisa (institutos registrados no TSE são mais confiáveis)

Observe a metodologia e tamanho da amostra (informações que devem estar no rodapé)

Compare múltiplas pesquisas e tendências, não apenas resultados isolados

Casos famosos de acertos e erros

Quando acertaram:

Eleições presidenciais 2022 (Brasil): A maioria das pesquisas do segundo turno previu corretamente a vitória de Lula com vantagem pequena.

Quando erraram:

Eleições EUA 2016: Quase todas as pesquisas previram vitória de Hillary Clinton, mas Trump venceu. O erro ocorreu principalmente em estados-chave onde eleitores de Trump estavam sub-representados nas amostras.

Eleições 2018 (Brasil): As pesquisas subestimaram a votação de Bolsonaro no primeiro turno – um caso clássico de "voto envergonhado" e decisão de última hora.

Infográfico: Do questionário ao resultado final

1. DEFINIÇÃO DA AMOSTRA

2. ELABORAÇÃO DO QUESTIONÁRIO

3. COLETA DE DADOS (campo)

4. VERIFICAÇÃO E LIMPEZA

5. PONDERAÇÃO ESTATÍSTICA

6. ANÁLISE E PUBLICAÇÃO

Como ler os resultados com inteligência

Para não ser enganado:

Desconfie de tendências inconsistentes – uma pesquisa isolada que mostra resultado muito diferente das demais pode ter problemas

Observe quem encomendou – pesquisas contratadas por partidos ou candidatos merecem escrutínio extra

Leia além dos percentuais – verifique metodologia, período de campo e tamanho da amostra

Acompanhe a série histórica – a evolução ao longo do tempo revela mais que números isolados

Última atualização: [Data atual]

Fontes: TSE, Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP), Instituto Datafolha, American Association for Public Opinion Research